domingo, 28 de março de 2010

O Teatro Mágico e a Verdade Real no Processo Penal

"Pelo retrovisor enxergamos tudo ao contrário
Letras, lados, lestes
O relógio de pulso pula de uma mão para outra e na verdade… ]
[ nada muda
A criança que me pediu dez centavos é um homem de idade ]
[ no meu retrovisor
A menina debruçando favores toda suja
É mãe de filhos que não conhece
Vendeu-os por açúcar
Prendas de quermesse
A placa do carro da frente se inverte quando passo por ele
E nesse tráfego acelero o que posso
Acho que não ultrapasso e quando o faço nem noto
O farol fecha…
Outras flores e carros surgem em meu retrovisor
Retrovisor é passado
É de vez em quando… do meu lado
Nunca é na frente
É o segundo mais tarde… próximo… seguinte
É o que passou e muitas vezes ninguém viu
Retrovisor nos mostra o que ficou; o que partiu
O que agora só ficou no pensamento
Retrovisor é mesmice em dia de trânsito lento
Retrovisor mostra meus olhos com lembranças mal resolvidas
Mostra as ruas que escolhi… calçadas e avenidas
Deixa explícito que se vou pra frente
Coisas ficam para trás
A gente só nunca sabe… que coisas são essas"

(Amém - O Teatro Mágico)



Da letra do poeta à melodia da música, muito nos ensina a trupe do Teatro Mágico. Os juristas, aplicadores da norma, a muito vem tentando alcançar a famigerada verdade real, no processo penal. Mas já ensina o Teatro Mágico: a verdade real é passado, impossível de se alcançar um fato que está no passado, logo, não existe a verdade real e é inútil tentar reconstruí-la, no processo, pois seria impossível.



O pior dos pesares é que essa ância incessante pela verdade real é, muitas vezes, uma justificativa para violar direitos fundamentais. Então, deixa disso, Cara Pálida, você nunca vai alcançar a verdade real. Vamos botar as cartas na mesa e discutir verossimilhança. Vamos discutir garantias fundamentais. Vamos discutir aquilo que você tanto ignora: a Constituição.

3 comentários:

  1. \o/
    Vamos discutir a objetividade entre parênteses, defendida por Humbert Maturana, que implica na aceitação de que há discursos de realidades diferentes dependendo do observador.
    Eita ^^

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  2. Ainda somos esperançosos em construir um "real" ou uma "verdade absoluta", quando nem ao menos sabemos o que exatamente é isso, ou o quão inalcansável pode ser isso.

    É, cara pálida, só nos resta apelar para o bom senso e tudo o mais que nos ajudou a construir o que chamamos de lei fundamental e suprema. Discutamo-la, então!

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  3. Viva a criação artística livre,aonde o individuo tem acesso a seus direitos sem intervenções capitalistas ilegais.

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